“José Rodrigues de Barros ficou considerado como o patriarca dos Limões,
porque se casou com Maria Rosalina da Conceição, irmã de Preto Limão”,
assim afirmou José Alves Rodrigues, conhecido como “Zé Limão”, neto do
“patriarca”, em entrevista a Epitácio de Andrade Filho, autor de “A Saga
dos Limões – Negritude no Enfrentamento ao Cangaço de Jesuíno
Brilhante”, no último dia 15 de dezembro, em sua residência no Bairro
Paulo VI, na cidade de Caicó, na região do Seridó do Rio Grande do
Norte.
Reprodução: Emanoel Amaral
“Patriarca dos Limões” |
No final do Século XIX, o Cearense José Rodrigues de Barros assumiu a
liderança do Grupo étnico representado pela família Limão, principal
algoz dos “Brilhantes”, ao se casar com uma irmã de Preto Limão, único
sobrevivente masculino da família remanescente do conflito cangaceiro e
comandante da emboscada fatal contra Jesuíno Brilhante, na Comunidade
Santo Antônio, na zona rural de São José de Brejo do Cruz, na fronteira
paraibana, em dezembro de 1879.
Reprodução: Epitácio Andrade
O Patriarca aos 100 anos |
A primeira imagem do “Patriarca dos Limões” foi resgatada pelos
pesquisadores Emanoel Amaral e Aucides Bezerra de Sales, em 1981, quando
levantavam dados para a elaboração da Revista “Jesuíno Brilhante em
História de Quadrinhos”, na Comunidade Saco dos Limões, na zona rural do
município de Patu/RN, terra natal do Cangaceiro Jesuíno Brilhante
(1844). A fotografia é datada do início do século passado e foi
apresentada pelo neto José Alves Rodrigues, 60 anos, o mesmo membro da
família Limão, que trinta anos depois, apresentou a fotografia do avô
aos 100 anos (1963), para ser reproduzida pelo Escritor Epitácio de
Andrade Filho.
Reprodução: Epitácio de Andrade
Festa dos 100 anos do “Patriarca dos Limões” |
No ano de 1963, a família Limão comemorou festivamente o centenário do
Patriarca José Rodrigues de Barros, que nunca participou de atividades
cangaceiras, mas teve a tarefa de proteger a família das possíveis
recidivas do conflito, depois da morte de Jesuíno Brilhante, organizando
inclusive, um esconderijo inexpugnável e recôndito, o “Saco dos
Limões”. Na festa do centenário, o grande líder já não contava com sua
companheira Maria Rosalina da Conceição, a Limão genuína, que faleceu
com cerca de 50 anos, provavelmente no final da década de 20 para início
dos anos 30 do século passado, e se encontra sepultada no cemitério de
Catolé do Rocha, no vizinho estado da Paraíba.
Reprodução: Mário de Andrade - 1929
Catolé do Rocha/PB fotografada por Mário de Andrade |
Do casamento de Seu José Rodrigues Barros com Rosalina Limão, que
moravam no Sítio Coroatá, na zona rural entre Patu e Almino Afonso,
saíram vários filhos, entre homens e mulheres. O mais velho Antônio
Limão migrou para o norte do país e lá permaneceu até a morte. Em 1888,
nasceu Zé Limão, que foi fotografado por Emanoel Amaral aos 93 anos, no
ano de 1981.
Foto: Emanoel Amaral - 1981
Zé Limão aos 93 anos |
Em 1898, nasceu Luiz Limão ou Luiz Catonho que se casou com Anelita
Alves Rodrigues, afilhada de Valdivino Lobo, o mais abastado dos
fazendeiros inimigos de Jesuíno Brilhante e coiteiro dos Limões na
região do Catolé do Rocha e Brejo do Cruz, na fronteira paraibana. Em
1981, o pesquisador Emanoel Cândido do Amaral também fotografou Luiz
Limão.
Foto: Emanoel Amaral - 1981
Luiz Limão aos 83 anos |
José Alves Rodrigues, Zé Limão, é filho de Luiz Catonho com Anelita
Alves Rodrigues, e em 1981, acolheu Emanoel Amaral e Aucides Sales para
prestar informações sobre a família Limão e posar para uma fotografia
nas adjacências do “Saco dos Limões”, com seus filhos Ângelo Márcio e
Marcélio Alves, que na época tinham sete e três anos, respectivamente.
Foto: Emanoel Amaral - 1981
Zé Limão com filhos Marcélio e Ângelo |
Coincidentemente, no dia 15 de dezembro de 2011, data da visita a
residência de José Alves Rodrigues, em Caicó, estava completando 28 anos
da morte de Seu Luiz Limão, que faleceu em 1983, e se encontra
sepultado, juntamente com seu pai, o “Patriarca dos Limões”, no
cemitério velho do antigo povoado da Caiera, hoje Almino Afonso, no Rio
Grande do Norte.
Reprodução: Epitácio de Andrade
Luiz Limão aos 75 anos |
Seu Zé Limão, aos 60 anos, está na terceira geração posterior ao cangaço
da segunda metade do século XIX. O seu pai, Luiz Limão com os irmãos,
compõem a segunda geração pós-cangaço jesuínico, e o casamento do
“Patriarca” com Rosalina Limão é o representante da primeira geração,
imediatamente posterior ao cangaço dos Brilhantes com os Limões. Esta
seqüência geracional pode ser observada no álbum familiar, exposto na
sala principal da casa de Seu José Limão, em Caicó/RN.
Reprodução: Epitácio de Andrade
Álbum da Família Limão – Três gerações pós-cangaço |
A família Limão tem uma consciência pela preservação da memória muito
acurada. Mantem sob sua guarda um acervo de fotografias, apetrechos,
moedas, cédulas e armas, que segundo José Limão “pertencia aos antigos”.
Em 1981, quando foi fotografado por Emanoel Amaral mostrava uma
espingarda de caça, que preserva até hoje. Mesmo informando que é um
objeto de 40 a 50 anos, a preservação é, por ele, justificada como
lembrança do momento da pesquisa e como símbolo de que “os Limões faziam
suas próprias armas”.
Foto: Epitácio Andrade
Espingarda fotografada em 1981 no Saco dos Limões – Patu/RN |
Contemporânea do período do Cangaço dos Brilhantes com os Limões
(1870-1880), Seu Zé Limão apresentou uma faca, cujo cabo de madeira se
desgastou ao longo de mais de uma centena de anos, sendo substituído por
uma haste de aço, porém a grande lâmina de ferro fundido foi
preservada.
Foto: Epitácio Andrade
Lâmina de uma faca do cangaço dos Limões |
Seu Zé Limão preserva uma cédula antiga, “do tempo do cruzeiro”, com a
imagem de Duque de Caxias, para preservar a memória de que “os Limões
resistiram ao recrutamento forçado para a Guerra do Paraguai”.
Foto: Epitácio Andrade
Cédula de Cruzeiro com imagem de Duque de Caxias |
O acervo de moedas cunhadas em 1870 preserva a memória da proteção dos
comboios do comércio primitivo do sertão, que era promovida pelos
membros da família Limão, depois da aliança com os Lobos e os Lobatos,
controladores da economia loco - regional. Não seria desnecessário
afirmar que os Limões foram agentes pró-ativos de importantes lutas
sociais, e como afirma Alicio Barreto em “Solos de Avena”, “é possível
que voltaram ricos do quebra-quilos”.
Foto: Epitácio Andrade
Moedas do período do Cangaço jesuínico |
Com muita cordialidade e presteza o
Aposentado José Alves Rodrigues (Zé Limão) e sua esposa Maria Emília
Cordeiro Alves, que é da descendência de Jesuíno Brilhante, prestaram as
informações solicitadas pelo pesquisador Epitácio Andrade e serviram
café num bule datado do início do século passado.
Foto: Epitácio Andrade
Bule do início do séc. XX |
Igualmente gentil foi o filho de Seu Zé Limão, Ângelo Márcio, que tem
total lembrança da visita feita por Emanoel Amaral e Aucides Sales no
início dos anos 80 do século passado, ao “Saco dos Limões”.
Foto: Josivaldo Araújo
Ângelo Márcio, Zé Limão e o Autor de “A Saga dos Limões” |
Os próximos passos serão uma visita ao “Saco dos Limões”, na zona rural
do Patu, ao Sítio São Francisco, no Catolé do Rocha, e uma entrevista
com Manoel Catonho, para consolidar informações para a segunda edição
ampliada de “A Saga dos Limões”.
Matéria enviada ao Blog pelo o autor do livro "A Saga dos Limões – Negritude no Enfrentamento ao Cangaço de Jesuíno
Brilhante”, do Médico Psiquiatra e Pesquisador Social Epitácio de
Andrade Filho.
2 comentários:
Ao amigo Sgt Andrade muito obrigado por divulgar sobre a família limão, no qual eu Macelio Alves que estou na foto do livro a saga dos limões tira em 81, eu tenho um blog www.equipecaicoruas.blogspot.com, no qual falo sobre esportes precisamente do atletismo.
email. maceliocaico2011@hotmail.com ou maceliocaicoruas2009@hotmail.com
Feliz Natal e prospero ano novo com muita paz para vc e família.
Macelio Caicó como sou mais conhecido.
Qual é a chance de eu ser descendente deles, afinal tenho parentes que sairão da paraíba a anos para morar no atual estado que vivo Paraná. Além de eu ter o sobrenome da família.
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