Moradores do município de Luís Gomes estão sofrendo há mais de 140
dias com a falta de água nas torneiras. O problema ocorreu depois que o
único manancial que abastece o município, o açude Dona Lulu Pinto,
secou. Eles se queixam de que os caminhões-pipas, que trazem água
diariamente enviados pela Companhia de Águas e Esgotos do RN (CAERN)
para minimizar os transtornos, não são suficientes para atender a todos,
que se veem obrigados a comprar água a preços exorbitantes, que chegam a
R$ 350,00 por mês.
Há pouco mais de quatro meses, a cena de mulheres, homens e até
crianças carregando baldes com água tornou-se rotina no município, que
tem 9.610 habitantes, segundo dados do IBGE. De acordo com moradores,
nos últimos três meses choveu pouco no município, e a água da chuva não
foi suficiente para manter o açude com água, que fica a cinco
quilômetros do centro da cidade.
“O que tem lá no açude é um lamaçal que secou, e mesmo com a chuva
não juntou nenhuma água”, disse a dona de casa Maria Anaída Silva, 40,
que estava de prontidão esperando o caminhão-pipa chegar com água.
Segundo ela, quem não vai cedo aos pontos de distribuição não consegue
pegar água. Sem condições financeiras de comprar água de terceiros, ela
conta que acorda ainda na madrugada para ser uma das primeiras da fila
para conseguir pegar água do caminhão-pipa da Caern, “que chega às 5
horas da manhã”.
“Quando terminamos de carregar os baldes num carro de mão já é hora
de voltar para marcar o lugar na fila novamente para pegar água do
caminhão que chega à tarde. Só a misericórdia de Deus para nos ajudar”,
disse a dona de casa, que mora com o marido e o filho.
REAPROVEITAMENTO - Se as donas de casa já economizavam água para
ajudar a baixar o orçamento, agora estão obrigadas a racionar até a
última gota de água do dia ao realizar os afazeres domésticos. O morador
Ananias Vieira da Silva, 50, diz que na casa dele se tornou “lei”
tentar reaproveitar a água ao máximo que puder e também mudou a rotina
com a troca de roupas.
Silva contou que agora usa mais vezes uma única roupa antes de
lavá-la, além de reaproveitar a água do enxágue das roupas nos banheiros
da casa. “A situação está muito difícil e já não aguentamos mais viver
assim. Quem tem condições, compra água. Quem não tem peregrina para
conseguir um balde do caminhão-pipa”, afirmou.
Ele e a família de quatro pessoas gastam 5.000 litros de água por
mês e agora têm de desembolsar cerca de R$ 250,00 para não ficarem
desabastecidos. O estouro no orçamento da pedagoga Cláudia Maria Vieira
de Morais Gonçalves, 40, pegou a família de surpresa. Ela conta que
desde que não tem mais água fornecida pela Caern gasta dez vezes mais
com a compra de água.
“Aqui em casa somos quatro pessoas, sendo duas crianças, e mesmo
economizando ao máximo estamos gastando muito dinheiro com água. Antes
pagávamos entre R$ 27,00 e R$ 30,00 com a conta da Caern e agora
gastamos uma média de R$ 300,00 a R$ 350,00 por mês. O valor é
exorbitante, mas não temos como viver sem água”, disse.
Cláudia cobrou uma solução da Caern para a situação porque, segundo
ela, ninguém consegue manter esse alto custo com a compra de água até o
próximo inverno, quando as chuvas voltarem a encher o açude.
MP COBRA SOLUÇÃO - A falta de abastecimento de água em Luís Gomes
levou o Ministério Público Estadual elaborar uma ação civil pública com
pedido de tutela antecipada quando completou 100 dias sem água nas
torneiras de Luís Gomes. O MP deu o prazo de seis meses para que a Caern
resolva o problema em definitivo “permitindo a retomada, de forma
contínua e ininterrupta, do fornecimento de água tratada encanada nas
torneiras das residências”.
A reportagem do UOL entrou em contato com a Caern e, por meio de
nota, a companhia informou que a Secretaria Estadual do Meio Ambiente e
dos Recursos Hídricos (SEMARH) e a companhia reconhecem o problema da
falta de água em Luís Gomes, mas atribuem o problema à estiagem, que
acabou secando o açude Lulu Pinto. A companhia destacou que
emergencialmente instalou 18 reservatórios com capacidade para armazenar
ao todo 180 mil litros de água por dia. Também são disponibilizados 11
caminhões-pipa - quatro da Caern e do Exército para abastecer
diariamente os reservatórios.
A água trazida para Luís Gomes nos caminhões-pipa é captada no
município de Rafael Fernandes, a 40 quilômetros. A Caern destacou ainda
que “espera que as chuvas previstas para este ano abasteçam o açude com o
volume de água suficiente para que o produto volte às torneiras das
casas”.
A nota destaca ainda que outras ações estão ocorrendo em paralelo
para também minimizar o problema. A Caern e a Semarh informaram vão
perfurar seis poços no município, mas sem data para iniciar os
trabalhos. A companhia informou ainda que outra ação será o
desassoreamento do açude para que aumente a capacidade de armazenamento
de água.
Segundo a Caern, “a solução definitiva para a cidade de Luís Gomes
virá com a retomada das obras do sistema adutor Alto-Oeste, prevista
para este semestre”. A obra é de responsabilidade da Semarh e foi
paralisada por falta de recursos. A Caern não informou se existem outros
municípios no Rio Grande do Norte com o mesmo problema da falta de água
como ocorre em de Luís Gomes.
(MORADORES SÃO atendidos por caminhões-pipas) |
Com informações do Portal UOL
Via Gazeta do Oeste
FOTOS: Francisco Morais/site Serra
1 comentários:
ISSO É UMA VERGONHA!. EM PLENO SÉCULO XXI. E O NOSSO RIO GRANDE DO NORTE. EM MANCHETES NACIONAIS E INTERNACIONAIS, EM FALTA DE ÁGUA POTÁVEL!.ACORDA, POLÍTICOS,ACORDA LUÍZ GOMES!!!!
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