(Psiquiatra Dânia Barbosa atende adolescentes) |
A rotina de bate papos e relacionamentos dos jovens através da
internet se tornou um drama para uma família de Fortaleza (CE), nesta
semana. Desde a última segunda-feira (24), uma adolescente de 14 anos
havia sumido e seus pais a procuravam, chegando a divulgar a foto da
menina em quase todos os veículos de comunicação cearense. A história,
no entanto, teve desfecho em Natal, neste sábado (29).
A adolescente estava na companhia de uma natalense de 20 anos, que
ela conheceu através da rede social Facebook. A cearense de 14 anos é
filha de pais separados e morava com a mãe e uma avó. Na manhã da
segunda-feira, a menina foi deixada no Colégio Militar, onde cursa a 8ª
Série, e, desde então não tinha sido mais vista. Ao invés de ficar na
escola, a adolescente foi até a rodoviária de Fortaleza, onde se
encontrou com a natalense, identificada como Pérola, que já a esperava.
Durante a semana, com o levantamento de dados pessoas da adolescente,
os policiais da Dececa descobriram que ele havia feito amizade com a
natalense através da internet. A partir daí, passou a desconfiar que a
jovem teria vindo para o Rio Grande do Norte a encontro da suposta
amiga.
No fim da noite de ontem, os policiais que vinham monitorando as duas
conseguiram localizá-las em uma farmácia no bairro de Candelária. Elas
foram abordadas e levadas para a Delegacia de Plantão da Zona Sul, no
mesmo bairro.
A menina de 14 anos disse que pretendia ir para Brasília fugida, mas
acabou sendo convencida pela amiga a vir para Natal, onde teria seu
total apoio. Pérola, por sua vez, declarou que não tinha ido à Fortaleza
para buscar a adolescente. Ela informou que já estava na capital
cearense a passeio e acabou marcando para encontrar a amiga na
rodoviária.
Mesmo se tratando de uma adolescente menor de idade, o delegado
Wanderley Alves decidiu não indiciar a natalense Pérola por nenhum
crime. “Ficou claro nos depoimentos que a menina veio por livre e
espontânea vontade. De qualquer forma, fizemos o registro da ocorrência e
isso será encaminhado para a Delegacia da Criança e do Adolescente, que
decidirá o que fazer”, informou.
O pai da adolescente, o cearense João Batista falou sobre os
relacionamentos virtuais da filha. “Minha filha estava morando com a mãe
e com a avó e esse era um dos motivos das constantes discussões entre
elas. A gente pedia que ela não ficasse o dia todo no computador, mas
ela queria passar horas na internet, talvez conversando com essas
pessoas”, avalia João Batista.
Adolescentes se sentem invencíveis
A reportagem conversou com a psiquiatra Dânia Barbosa que tem atuado em Natal no campo de atendimento a adolescente e explicou como funciona a cabeça dos que adotam esse tipo de atitude. “Adolescentes, geralmente, sentem-se invencíveis e acham que nada de mau vai acontecer com eles. Por isso, jogam-se em aventuras como essa”.
Dânia afirma que, atualmente, atende a um menino natalense que fugiu
para Manaus após começar um namoro pela internet. “Para eles, os
relacionamentos virtuais são bem mais simples e mais práticos. Nessa
fase da vida, os adolescentes apresentam alguns problemas fisiológicos
e, por isso, passam por transformações, o que faz com que se sintam mais
a vontade com relacionamentos virtuais”, destaca a psiquiatra.
Ainda de acordo com Dânia Barbosa, a geração atual já tem uma
tendência a passar muito tempo conectada a internet. “Isso é perigo,
porque pela impulsividade da idade, eles não têm noção dos riscos.
Então, cabe aos pais conversar mais com os filhos e ter um pouco mais de
controle”.
Apesar disso, a psiquiatra lembra que controlar não significar
impedir o adolescente de exercer as atividades que gosta. “A chave é o
diálogo e saber dosar os limites entre proibição e liberação. Além
disso, os pais precisam entender a fase que os adolescentes estão
passando”, completa.
Portal BO
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