O Sistema Penitenciário do Rio Grande do Norte abriga presos de
maneira ilegal nos Centros de Detenção Provisória. São 26 unidades
espalhadas por todo o Estado, somando aproximadamente 1.600 detentos. Os
CDPs criados como paliativo para a superlotação dos presídios nunca
existiram no papel. Com isso, a Secretaria Estadual de Justiça e
Cidadania tem recebido presos de maneira irregular e pode até responder
processo por improbidade administrativa.
No CDP da Ribeira, por exemplo, estão 120 homens. No de Parnamirim,
são mais 150 e, em Macaíba, outros 100. No ano passado, para agravar
ainda mais a situação, o Governo do Estado transformou alguns delegacias
em Centros de Detenção Provisória, mudando apenas a pintura nas paredes
dos prédios, como aconteceu em Pirangi, onde antes funcionava a Plantão
Zona Sul, e na Zona Norte de Natal, no prédio onde estava funcionando a
Delegacia Especializada em Defesa e Propriedade de Veículos (Deprov).
O atual diretor da Coordenação de Administração Penitenciária, José
Olimpio, reconheceu a ilegalidade. “Realmente, CDP não existe de maneira
efetiva. Na verdade, nem mesmo os agentes deveriam trabalhar nessas
unidades, pois como o nome diz agente tem que trabalhar em
penitenciária”, ressalta.
José Olimpio destaca, contudo, que diante das dificuldades do sistema
prisional e da Polícia Civil os agentes acabam atuando na
“camaradagem”. Com isso, o risco de responder juridicamente por isso é
alto, tendo em vista que para a justiça os CDPs e os presos que lá estão
não existem legalmente.
O promotor de justiça Sidharta John, por exemplo, alertou para a
situação desde o ano passado. Ele comanda a comarca de Alexandria, onde
também funciona um CDP, e chegou a orientar os agentes a não assumirem
cargo de diretor. “Não pode existir diretor em Centro de Detenção já que
o cargo nunca foi oficialmente criado nem muito menos a estrutura
legalizada”, afirma.
No CDP de Alexandria não existe diretor e os agentes se revezam em
plantões. “No dia que a bomba estourar em alguma dessas unidades, vai
ficar difícil saber até quem responsabilizar”, completa o promotor de
justiça. De acordo com Sidharta, os Centros de Detenção não deveriam nem
entrar na contagem das carceragens do Estado.
O promotor informa que a situação irregular dá margem ao Ministério
Público para que sejam abertos processos de improbidade administrativa.
“A partir do momento que um CDP passa a ter um diretor e o governo paga
gratificações está cometendo um crime, pois está pagando por um cargo
que não existe. Mesmo que essa gratificação se justifique como sendo
diária extra, também ilegal, porque está se pagando diária por cima de
outra diária”, explica Sidharta John.
O diretor da Coape disse que, na medida do possível, a Secretaria de
Justiça tem tentado acabar com os CDPs. “Do início do ano para cá, três
unidades foram esvaziadas. Mas, infelizmente, faltam vagas nos
presídios”, destaca José Olimpio. Ele informou ainda que no máximo em
uma semana deverá resolver os últimos ajustes no novo pavilhão de
Alcaçuz, que abrirá em 400 vagas no sistema penitenciário.
Portal BO
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